sexta-feira, junho 29, 2007

Bento XVI e sua biografia de Jesus Cristo








Acaba de ser editada no Brasil a biografia de Jesus de Nazaré. Escrita pelo Papa Bento XVI, a publicação demorou a ser lançada em relação às edições internacionais por um motivo nobre: a tradução foi minuciosamente cotejada pelo Vaticano, para que não houvesse "reinterpretações" do texto original. Comecei a leitura ontem à noite, e posso afirmar que o livro é primoroso, tanto na sua erudição, quanto na capacidade que tem de nos apresentar Jesus Cristo em sua unicidade de Deus-homem.


Segundo as palavras do próprio autor, a interpretação da biografia só fará sentido ao relacionarmos o diálogo que ocorre entre Moisés e Deus no livro do Êxodo (33,18-23) com a revelação de que “Quem vê Jesus vê o Pai” (Jó 14,9). Toda palavra, ação, sofrimento e glória de Jesus devem ser analisadas sob a perspectiva desta relação.


O livro tem início com o batismo (há uma introdução à cristologia, onde Bento XVI retrocede de Jesus até Davi, chegando a Moisés e por fim Adão e, antes deste, Deus-Pai.), passando por cada etapa da história espiritual/carnal do Cristo, levando-nos até a Sua transfiguração. O autor ainda interpreta a Palavra do evangelho, tais como o Sermão da Montanha e a Oração do Senhor. Interpretações onde se descortina a profunda e pessoal unicidade de Deus com o Papa.

Há ainda um capítulo de suma importância no qual é discutido o evangelho de São João. Esta opção é motivada pela particularidade de ser aquele onde Jesus é claramente divinizado e seu discurso é carregado de simbologia; contrapondo-se aos outros evangelhos onde a parábola é o meio pelo qual Ele ensina. Outra motivação de Bento XVI ao pensar este evangelho de modo separado é a questão de sua autoria – “Quem é este João que estava ao pé da cruz, e que viu Seu corpo ser perfurado ?” . Por fim o mais dramático: a busca histórica para que não se deixe cair a fé em uma realidade desencarnada, isto é – gnóstica. É através da recordação pessoal e da realidade histórica relacionados um com o outro que o autor reafirma o factum historicum do evangelho de São João.

Enfim, o livro, como outros escritos do Papa, é de uma pedagogia, de uma limpidez e clareza teológica impressionante e por isso é convidativo para nossa própria reflexão sobre a vida e relacionamento que temos com Jesus Cristo.


Apenas um adendo : lendo o livro de Bento XVI, recordei-me de um outro excelente livro sobre Jesus, - História Natural de Jesus de Nazaré - de Herberto Salles (Editora Topbooks), onde o autor nos revela sua fé no Cristo homem e de como na concretização de sua plena humanidade se faz D
eus.

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