sábado, novembro 24, 2007

Robert Allen Zimmerman voltou!


Na verdade, Bob Dylan nunca esteve ausente, mas desde a década de 90 o bardo da música americana tem conquistado, ou melhor, reconquistado sua verve, sua influência e novos cumes em sua carreira artística.


Maior iconoclasta da música americana, Dylan surgiu no cenário folk da década de 60, mas logo mostrou que, apesar da forte influência da música tradicional dos EUA, suas letras sempre buscavam um novo olhar, uma perspectiva que se mostrasse única.


Um detalhe de sua iniciação musical é a força com que artistas da geração inicial do rock n roll (Elvis, Johnny Cash, etc...) o marcaram. Em uma de suas grandes declarações, após testemunhar o Rei, Dylan afirma que jamais poderia ter um emprego normal.


Obviamente esta influência teria que surgir de alguma forma, afinal Dylan já havia esgotado a força da folk music. Ainda desejoso de resgatar o Rock das mãos dos britânicos, decide plugar-se e romper definitivamente com a geração folk, já então apenas um punhado de artistas fazendo a crônica da luta pelos direitos civis nos EUA, não sendo mais aquela cena inflamada e criativa que havia seduzido jovem Zimmerman.
Este rompimento gera protestos inflamados do público (chega a ser chamado de Judas, fato registrado no famoso e lendário álbum 1966 ROYAL ALBERT CONCERT) ao mesmo tempo inicia um novo e marcante período em sua carreira. São desta época clássicos como LIKE A ROLLING STONE E RAINY DAY WOMEN 12 & 35.


Sempre em busca de sua casa, Dylan mergulha na década de 70 na música country americana, lançando discos que, se não são um sucesso com os críticos e fãs de então, viriam a se tornar a maior influência em artistas que apareceram 25 anos depois, como Ryan Adans, Dave Matthews Band, Ben Harper e Jack White.


Talvez o período de menor atividade e menos criativo seja justamente a década de 80, onde (assim como tantos artistas) a buca por uma nova sonoridade e por um novo meio de ver as coisas parecia ter sido proibido com o surgimento da estética MTV.


Então, em plena década de 90 (nos estertores do século XX), Dylan se volta para aquilo que mais conhece: o imenso legado da cultura musical american. E com esse mergulho musical/espiritual, resgata toda sua força como poeta e principalmente como músico, tendo como momento máximo o lançamento de sua trinca de ases Time Out of Mind, Love and Theft e o consagrado, incensado e excepcional Modern Times, que o coloca novamente no topo da lista dos grandes artistas americanos.


Com o lançamento de sua autobiografia, Crônicas - V.I, do documentário de Martin Scorsese - No Direction Home e do filme quase-biografia - I'm Not There, o diretor Todd Haynes, Dylan ressurge como o mais discutido, venerado e comentado artista deste começo do século XXI. Feito impressionante para um homem que têm na tradição sua maior fonte de inspiração.


Bob Dylan está de volta, Bob Dylan sempre esteve lá!

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