Olhando os mendigos dormindo na madrugada fria, não sinto inveja de suas miseráveis loucuras, por saber que dentro de mim, ela arranha, quer rasgar minha vida.
Não há existência vã ?
tento acreditar, realizar, aceitar que não. Mas é tênue a teia desta vida que quero minha, viver se torna fragilidade. Medo talvez. Onde existem certezas que não me deixam sufocar diante da insana, falsa promessa de um porvir melhor. Calmo.
Paz ?
só encontro na tensão do viver. A morte. As fugas, pra onde seguir, como escapar deste caminho tão incerto ?
O gosto do tabaco e de um beijo perdido em minha boca me acalentam febrilmente, carrego em minha carne a profissão de fé que se ergue como uma sombra no deserto.
Sozinho, com Deus apenas. E é tudo o que me sustenta, me afasta da miserável loucura das ruas.
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