O País dos Petralhas.

Semana corrida, muita coisa acontecendo ou melhor, não-acontecendo. Mas eis que das trevas um pouco de luz.

Já tenho em mãos o novo livro do Reinaldo Azevedo, O PAÍS DOS PETRALHAS, que já é um dos três livros mais importantes para entender a miséria intelectual e política do país (os outros dois livros? O REACIONÁRIO, do Nelson Rodrigues, e O IMBECIL COLETIVO, do Olavo de Carvalho).

Cada um, à sua maneira, bate pesado no espírito de canalhice coletiva que entope as veias da democracia: as "estagiárias de pé sujo", o próprio "imbecil coletivo" e na sua nova versão o "petralha", são imagens construídas pelos autores que nos ajudam a perceber o monstro híbrido que tem apenas um nome: Totalitarismo.

Apenas um aparte; considero o livro do Olavo de Carvalho dos mais importantes da história do pensamento do país. O motivo? foi ele que derrubou o muro de Berlim intelectual que tanto fez para limitar as inteligências por estas bandas. Para o bem ou para o mal as forças que ele libertou fizeram com que o ar se renovasse.

Volto ao livro do Reinaldo. Este reúne artigos da Veja, do Globo e principalmente do seu blog, são textos que não devem surpreender o leitor habitual do autor, e sim, estão lá as características que fazem dele um dos grandes jornalistas atualmente em atividade: mordaz, contundente, com um apreço pela lógica raro nos pensadores atuais (quiça jornalistas!), e sim, com muito humor.

Mas a grande vantagem dos textos reunidos em um livro é a percepção da permanência.

Explico: os artigos publicados na internet sempre reverberam no instante, no momento da notícia, muitas vezes a reflexão, a leitura pausada, o pensar mesmo, cede ao impulso de "saber" mais, de engolir os acontecimentos e sequer digerir o que ocorreu ontem. O livro convida ao leitor uma pausa, uma ruminação (para os mais lerdos, como este que escreve, hehehe) do texto e das idéias que permite não apenas uma compreensão melhor dos acontecimentos, mas também a rememoração, o perceber que o que aconteceu ontem se faz presente nos ditames do amanhã (meio brega isso, não?)

Sim, estão lá os "petralhas", os "mensaleiros", relembramos que certa classe de intelectuais debateu o silêncio da categoria, aparecem os obamistas, mas também certos pesedebistas que, pela glória pessoal, entregam de mão beijada o poder! Mas agora temos o tempo que confirma as besteiras, temos a certeza que os desmandos que ocorreram apenas preparavam o terreno para mais e maiores totalitarismos (talvez sutis, mas ainda assim..).

Enfim, mesmo se já tenha lido todos os textos que lá estão, mesmo que nada seja assim tão novidade, acreditem, vale a pena acompanhar os mandos e desmandos da nomenklatura de forma mais reflexiva.

p.s. o sucesso do livro "Lula é minha anta", do Mainardi, é fato consumado, mas podem apostar: o do Reinaldo vai vender mais.