sábado, fevereiro 14, 2009

The Wrestler


Darren Aronofsky cresceu. Deixou de lado os truques que o fizeram famoso em Réquiem para um Sonho e a bobagem "espiritualizada" do A Fonte e fez um dos filmes mais tocantes que já assisti.


Seu novo filme, The Wrestler (O Lutador), conta a história de Randy "The Ram" Robinson, um dos personagens que entram para a grande galeria de lutadores/perdedores da história do cinema ao lado de Billy Flynn, Jake LaMotta, James Braddock, Rocky Balboa (sim, como não ver Stallone na cara deformada de Rourke?) e por uma estranha associação me lembrei do personagem Red Stovall do filme Honkytonk Man (que é um lutador de outra cepa...). Ao lado destes grandes personagens, Mickey Rourke nos traz Randy Robinson, O Cordeiro, que depois do auge na carreira nos anos 80 (preparem-se para relembrar ou conhecer o pior da música "oitocentista"), está em plena decadência.


E Aronofsky filma essa decadência de forma simples, com poucos truques visuais ou efeitos espetaculares de cortes e afins (há uma sútil utilização de efeitos sonoros que tornam determinadas cenas mais fortes, mais tristes). Trabalhando com uma perspectiva realista da história, Aronofsky consegue o principal, deixar Rourke mostrar o quão grande ator ele ainda é, mesmo por trás da cara deformada e do corpo calejado pelos excessos da vida.


Um detalhe importante da direção são as cenas de luta, que após tanto lugar comum que viraram padrão nos filmes sobre boxe, ganham em plasticidade e técnica nas mãos de Aronofsky, pode ser por causa do estilo de luta do filme, mas acredito que o diretor realmente mostrou que há ainda caminhos para se conseguir "entrar no ringue", junto com os personagens.


Voltando ao enredo da história, não há como não se emocionar vendo o drama de uma vida desmoronando à nossa frente, como não sentir pena das escolhas de Randy e de ter pena da vida que, desperdiçada, desacreditada, só encontra sua redenção na auto-mutilação e no vazio de uma noite de "espetáculo". O que mais me perturbou no filme foi perceber o quão próximo estamos daquele fim, daquele tempo que passou, que foi deixado de lado tão rapidamente (estamos falando de apenas vinte anos...portanto, muito cuidado com os "eternos" ídolos de hoje) e a forma com que nossos maus hábitos podem destruir nossas vidas de forma tão avassaladora. Mas ao mesmo tempo a beleza do filme está em mostrar que nossas falhas que devem ser assumidas por aqueles que são os mais responsáveis por elas, nós mesmos.


Um filme tocante, bonito e que vale a pena assistir. Mais ainda, vale a pena refletir sobre o quanto somos próximos em nosso dia a dia, em nossa luta diária, de Randy "The Ram" Robinson. Portanto, put your pants it's time to fight!


"She's got a smile that it seems to meReminds me of childhood memories Where everything Was as fresh as the bright blue sky Now and then when I see her face She takes me away to that special placeAnd if I'd stare too long I'd probably break down and cry."

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