sexta-feira, março 06, 2009

Pare e pense - O Culto do Amador - Andrew Keen


Todo dia novos blogs são criados, dezenas de vídeos são postados no Youtube, a Wikipedia é atualizada com a ajuda de cidadãos do mundo todo, descobrimos novos nichos e acreditamos que a tal "cauda longa" revela nichos que serão melhor e mais explorados pelos interessados. Essa é a revolução Web 2.0, a democratização da informação, o acesso a uma multidão de dados e imagens, nessa nova revolução, todos somos seus agentes e colaboradores. Um paraíso democrático onde todos tem voz.

Pelo menos é esse o discurso até então apresentado.

Mas em meio a toda a cacofonia gerada, uma voz aparece para derrubar os mitos da Web 2.0 e seus supostos benefícios. Falo do autor Andrew Keen, que com seu livro - O Mito do Amador, como blogs, Myspace, Youtube e a pirataria digital estão destruindo nossa economia, cultura e valores - dá uma marretada na opinião comum e "democratizante".


Primeiro uma confissão: Peguei o livro para ler com um enorme preconceito, afinal, este blog é fruto, em parte, dessa revolução digital. Sem ela vocês não estariam lendo essas linhas. Portanto assumo, comecei a ler o livro com quatro pedras na mão, pronto para defender meu "território" desse ataque.

Mas Andrew Keen, um homem do famoso Vale do Silício sabe do que fala e abriu meus olhos para o problema dessa imensa democratização.

Se todos fazem tudo, como separar o joio do trigo? como saber, em meio ao universo de notícias, opiniões, imagens, vídeos, quem realmente sabe o que diz e quem é apenas um amador, ou pior, quais intenções estão por trás dessas informações? quem as produz realmente, garotos independentes ou empresas e políticos interessados em manipular nossas idéias e decisões? quem é responsável no caso de notícias perniciosas a terceiros? quem tem direito às informações pessoais que circulam em sites de relacionamentos?

Para essas e outras perguntas, Keen vai mostrando que existe sim um problema com o que circula na Web hoje em dia, mas ao contrário do que possamos imaginar de início, sua solução para os problemas não parte de um bloqueio total da Web, mas um chamado a nossa responsabilidade pessoal, um cuidado com nossa herança judaico-cristã e a aplicação de leis que já existem de alguma forma no universo "real".

Um livro que vale a pena ser lido, discutido, pensado, concordando ou não com suas conclusões, pelo menos esse debate tem que existir.

By the way, seu ataque a idéia de que total democracia nada mais é que totalitarismo ecoa os melhores intelectuais conservadores.

4 comentários:

b disse...

Este está na minha lista graças a este post.... realmente uma descrição muito interessante....

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""Se todos fazem tudo, como separar o joio do trigo? como saber, em meio ao universo de notícias, opiniões, imagens, vídeos, quem realmente sabe o que diz e quem é apenas um amador, ou pior, quais intenções estão por trás dessas informações? quem as produz realmente, garotos independentes ou empresas e políticos interessados em manipular nossas idéias e decisões? quem é responsável no caso de notícias perniciosas a terceiros? quem tem direito às informações pessoais que circulam em sites de relacionamentos?""

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Este é o ponto que mais me interessou, e é o principal motivo da minha leitura... como um eterno rebelde, preciso discordar quanto a herança cristã, essas coisas de valores familiares clássicos e tals... mas foi um post fantástico...Importante mesmo debater estas idéias..

Anônimo disse...

Parece ser um bom livro. Merece tradução brasileira. E uma análise mais profunda na próxima D&C.

Unknown disse...

Olá,
Meu nome é Bruna e trabalho na Edelman, agência de comunicação da Jorge Zahar Editor.
Estou passando pra informar que a Zahar lançou dia 17 de março a edição brasileiro de "O culto do amador" de Andrew Keen http://migre.me/9DK
O livro é um sucesso internacional, que já foi publicado em mais de 12 línguas.
Abraços!

Jaime Mendes disse...

Olá Dionisius,

quando falei do livro pra você notei que, realmente, você tinha ficado de pé atrás com ele. Como não o tinha lido ainda, não avancei na conversa. Bom, agora já o li e gostei muito. Pra mim a questão principal passa pela ética. Como vamos nos comportar neste novo mundo da web 2.0 que se consolida? Como quase tudo está à mão, a um clique do mouse, fica difícil resistir à tentação de poder pegar o que se quer. Mas, como ficam questões relativas a direitos e deveres; responsabilidade; controle social; direitos autorias e pirataria; linha divisória entre público e privado; moral; limites; armazenamento de informações pessoais pelos mecanismos de busca etc, etc. Não temos uma legislação específica para este novo mundo que surge no horizonte. O Google, Yahoo! e outros buscadores devem ter mais informações sobre cada um de nós do que a instituição Estado. Além disso têm enorme capacidade de armazenagem e processamento dessas informações. A diferença é que um Estado é um poder organizado, nas democracias, a partir de eleições para os governos. Portanto, de alguma forma, existe um controle social. O desafio, portanto, é poder utilizar tudo de bom que a web 2.0 nos possibilita mas dentro de limites que protejam nossas liberdades individuais duramente conquistadas ao longo do processo histórico.

p.s. a capa da edição brasileira já está disponível no site da Cultura.