E as pessoas andam pelas ruas
como cavalos em uma exposição,
como porcos prontos para procriar...
e o sol reflete-se nos vidros dos carros...
Cavam a própria sepultura
são devorados por vermes
que habitam o próprio corpo...
A cidade,
cemitério de vivos.
Invólucros de carne e ossos...
Ouço vozes gravadas,
sedutoras como pelo de rato.
Por baixo de suas fachadas,
esgoto e podridão,
penetram e corroem o que resta...
Felizes dos mortos,
que habitam o Jardim dos Anjos.
Felizes dos mortos,
que queimam em chamas e vômito no Hades.
A lua devora o sol !
O asfalto queima sob meus pés,
suor escorre por meu corpo.
Observo a curiosa exposição,
que habita a minha volta.
Faces de cera
e carvão.
máscaras.
Eu sorria,
e os raios do sol,
brilhavam em uma faca.
Sangue, sígno de Deus,
sangue.
E ervas crescem, em meio a cruzes de concreto.
Havia um hotel na esquina,
demolido.
Vive agora em sombras.
Furo meu globo ocular.
POP
ele estala.
e molha meu rosto.
Crianças brincam em um parque,
famintas, cadáveres pequenos e ossudos.
Uma bandeira queima ao longe,
soltando fumaça, gritos, piedade
fúria e ódio.
Uma sinfonia de entranhas.
Olho o sangue em minhas mãos.
Olho o corpo em meus braços.
meu corpo, teu corpo, nossos corpos.
tento chorar,
mas as lágrimas me sufocam,
apertam minha garganta.
então, delírio.
sou observado, observo.
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