sexta-feira, novembro 25, 2005

Poesia

Poesia, poesia
poesia ensandecida
Loucura que rompe, transforma
Carne em estilhaços de aço.

Poesia, poesia
insanidade, senão doentia
Cavalgas e é cavalgada
Qual baleeiro preso a baleia.

Poesia, poesia
doce, amarga dor
Recitas e dorme, sonho de morte
e esplendor.

Poesia, poesia
sangra as palavras
Sangra teus dedos
De tuas entranhas, sangra poemas.

Poesia, poesia
entorpecida, inebriante
Qual vinho na noite escaldante,
Qual esquife em sonho delirante.

Poesia, poesia
imaculada, delirante
Alva, mas não serena
Avança em direção aos abismos.

Poesia, poesia
orgias discretas
Buscas em suor e dor
Talvez prazer em flor.

Poesia, poesia
dos moldes que a ti oferecem
Escarra em todos, aqui tens o que mereces.

Poesia, poesia
em teu nome
Meu coração arranco
E ao inferno, amada, em prantos, lanço-o.

Poesia, poesia
queima minhas mãos
Arde meus olhos
consome a carne deste teu irmão.

Poesia, poesia
faz-me delirar
Quero em abismos me atirar,
E com teu corpo me deitar.

Poesia, poesia
mostra tua face
E que minha fala não engasgue
Ao te ouvir recitar.

Poesia, poesia
meu coração ainda ardendo
Em satanicas labaredas
Urra teu nome e clama por teu beijo.

Poesia, poesia
transmorfa, medieval
Me prega na cruz
guia minha mão, me seduz.

Poesia, poesia
rogo-lhe, desejo-te
Lábios secos são os meus
E o sangue de minhas não mata a sede.

Poesia, poesia
trova, verso, prosa
azul celeste, negro negrume
verde verdejar, vermelho inebriante, branco amante...

Poesia, poesia
conheça-me
devora-me, rasteja em meu ser
imploro, devora-me, qual verme em cadáver destronado.

Poesia, poesia
me leves, não me esqueçase te prometo fidelidade, menos à Morte, que é a sina de todos que te beijam.

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