quarta-feira, novembro 30, 2005

Insensatez

Ah ! Espíritos conturbados que me cercam,
não me trazem nem luz ou trevas,
não me dão sinais ou agouros !

Me deixam só e esquecido,
enquanto erupções saltam de minha pele.

Meus lábios ressecados, meus ossos salientes,
meu olhar, vazio.

A ti não ispira compaixão ou temor, estou cansado, sou fraco.

E vocês, serafins de minha mente, me abandonam.
E vocês, querubins de meu limite, me esquecem,

em herméticas regiões de minha alma...

Me deito, e observo paredes acolchoadas,
criadas por minha esquizofrenia.

Almofadas de concreto ao meu redor.
Plumas de aço reluzente.
Lençois de folhas metálicas.

Os fios que me sustentam se rompem
rotos, roídos.
Só. Estou só.

As células de meu corpo se comprimem,
meus ossos estalam e rangem.

Há esqueletos em meu ármario, há sombras em meus olhos.

Escrevo perguntas que não sei responder.
Respondo questões que nada dizem.

Os espíritos se afastam de mim.
As bruxas em seu caldeirão riem, e não me ouvem.
Os livros se apagam a cada página virada.

Don Quijote renegou a si mesmo !!!

Vivo em um pesadelo contínuo...

Tento delinear horizontes, em vão...
Pois tudo escurece rapidamente.

E os deuses morrem, e isso me deixa feliz.

Injúrias sobre minha alma, inscriçoes sob minha pele...

Cartas mortas em cima da mesa.
Corpos jogados nas ruas.

O sangue coagula em poças de lama.
Marrom, escarlate, misturados.

O oxigênio não chega aos meus pulmões.
Estou atado a uma camisade força.
Um pedaço de couro encerra minha voz.

Minha loucura nega a si mesma...

Nesta terra sem esmeraldas, gotas de orvalho borram as violetas...

Sozinho durmo.
Sozinho me tranco.

E as ilusões não se desfazem.












Um comentário:

Anônimo disse...
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