A editora Record já está em processo de tradução do livro The Whisperers, do autor Orlando Figes. O livro trata da vida privada na rússia stalinista trazendo à luz todo o horror, paranóia e medo que se istalaram na vida pessoal dos russos naquele período. O aspecto central do livro são os diarios familiares, as anotações cotidianas daqueles que, mesmo sem intenção, terminaram por colaborar com a repressão estatal. É interessante perceber o quão maquiavélico é um sistema que faz com que pessoas comuns tornem-se agentes de vigilância, defensores da moral revolucionária ou meros aproveitadores da tragédia alheia.
E há pouco saiu um filme (em dvd) que retrata essa mesma tragédia mas de uma perspectiva mais microscópica: A Vida dos Outros. O filme do diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck,ganhou o oscar de melhor filme estrangeiro em 2007, e tem como premissa a vida de um agente da Stasi (a polícia secreta da então Alemanha Oriental) e seu envolvimento ao iniciar a vigilância de um casal de artistas, um dramaturgo e sua principal atriz.
Logo de início somos apresentados aos metódos de interrogatório e treinamento de um agente da Stasi , que são ensinados de forma contundente à uma classe de aspirantes a agentes do Estado pelo personagem do capitão Gerd. No desenrolar do filme, von Donnersmarck vai mostrar a força desse Estado policialesco e ao mesmo tempo apresentar as personagens que irão se interligar ao do capitão Gerd, não apenas pelo processo de vigilância, mas também pela percepção deste da delicadeza e temor que envolvem a vida privada do casal (Georg, um dramaturgo que aceita a sua condição de porta-voz artístico do regime e sua namorada, a atriz Christa), que passa a ser sua obsessão, sua forma de ter uma vida. Ao ir revelando a vida privada deste casal, o capitão Gerd começa a tomar consciência de seu papel naquele horror e também de sua própria consciência e solidão de Homem do Estado.
Talvez o ponto mais importante do filme, assim como no livro de Figes, seja a clara idéia de que nossa vidas pessoais, nosso cotidiano privado, é um dos poucos lugares onde há um certo nível de liberdade indívidual e que abrir mão disso é um caminho certo para o totalitarismo.
A Vida dos Outros, ainda que alguns não consideram um grande filme, já devia marcar a história do cinema por retratar um dos regimes mais monstruosos criados pelo Homem e nos fazer pensar que, ao aceitarmos a condição de estetas oficiais de um governo (qualquer que seja ele) a possibilidade de perdemos nossa alma é imensa e que a redenção, talvez, só venha através de um anônimo número perdido nos papéis burocráticos.
E há pouco saiu um filme (em dvd) que retrata essa mesma tragédia mas de uma perspectiva mais microscópica: A Vida dos Outros. O filme do diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck,ganhou o oscar de melhor filme estrangeiro em 2007, e tem como premissa a vida de um agente da Stasi (a polícia secreta da então Alemanha Oriental) e seu envolvimento ao iniciar a vigilância de um casal de artistas, um dramaturgo e sua principal atriz.
Logo de início somos apresentados aos metódos de interrogatório e treinamento de um agente da Stasi , que são ensinados de forma contundente à uma classe de aspirantes a agentes do Estado pelo personagem do capitão Gerd. No desenrolar do filme, von Donnersmarck vai mostrar a força desse Estado policialesco e ao mesmo tempo apresentar as personagens que irão se interligar ao do capitão Gerd, não apenas pelo processo de vigilância, mas também pela percepção deste da delicadeza e temor que envolvem a vida privada do casal (Georg, um dramaturgo que aceita a sua condição de porta-voz artístico do regime e sua namorada, a atriz Christa), que passa a ser sua obsessão, sua forma de ter uma vida. Ao ir revelando a vida privada deste casal, o capitão Gerd começa a tomar consciência de seu papel naquele horror e também de sua própria consciência e solidão de Homem do Estado.
Talvez o ponto mais importante do filme, assim como no livro de Figes, seja a clara idéia de que nossa vidas pessoais, nosso cotidiano privado, é um dos poucos lugares onde há um certo nível de liberdade indívidual e que abrir mão disso é um caminho certo para o totalitarismo.
A Vida dos Outros, ainda que alguns não consideram um grande filme, já devia marcar a história do cinema por retratar um dos regimes mais monstruosos criados pelo Homem e nos fazer pensar que, ao aceitarmos a condição de estetas oficiais de um governo (qualquer que seja ele) a possibilidade de perdemos nossa alma é imensa e que a redenção, talvez, só venha através de um anônimo número perdido nos papéis burocráticos.
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