terça-feira, janeiro 26, 2010

Filmes, filmes e mais filmes.

Já que nos últimos tempos tenho tentado ao máximo evitar contato com o mundo exterior ao meu apartamento, um cafofo de três quartos, sala, cozinha e banheiro, entulhado de livros, filmes,três violões, mas só um decente, centenas de quadrinhos e maços de cigarro, uma geladeira que não funciona já há mais tempo do que deveria, fico aqui, vendo filmes, ouvindo música e bom, escrevendo neste blog.

Então vamos lá...quatro filmes (já que não estou com saco para ir ao cinema, hábito que pretendo voltar a praticar esta semana) que assisti neste fim de semana chuvoso, aliás, parece que já chove em São Paulo há 35 (correção, 36) dias seguidos!!

O primeiro - Intrigas de Estado/State of Play - filme dirigido por Kevin MacDonald, o mesmo que fez um excelente trabalho em "O Rei da Escócia". Não chega a ser surpreendente a história de um jornalista (interpretado de forma preguiçosa por Russel Crowe) que, do nada, encontra-se envolvido em uma história de corrupção, intriga, sexo e corrupção (eu já escrevi essa palavra...pra vocês verem como esses roteiros se repetem!) nos bastidores de uma investigação em Washington conduzida por um deputado (Ben Affleck, ruim de dar dó!) que enfrenta uma grande corporação (criativo, né?) militar.

O interessante no filme (baseado em uma série da BBC de 2003) é o papel que a imprensa (principalmente os jornais impressos) possuem nos EUA. Desacreditados, vilipendiados, o filme tenta recuperar a imagem dos grandes jornais e de seus jornalistas. Há, descaradamente a acusação de que a internet preocupa-se mais com os escândalos sexuais e de celebridades do que com a busca por fatos, isto é, a verdade. Há até uma fala, no final do filme, quando finalizada a matéria, que esta deve ser lida impressa, pois possui mais peso assim.

Essa é a leitura fácil do problema, há de se convir que, parte do descrédito dos grandes jornais americanos é justamente sua falta de objetividade. Mas essa análise fica para outra hora.

O interessante no filme é que, apesar de ser a velha denuncia às grandes corporações, descobrimos ao final que os grandes males do mundo, são frutos de indíviduos. Isso salva a trama de ser um fiasco completo.

Partimos então para o drama/comédia - A Lula e a Baleia/The Squid and the Whale - dirigido por Noah Baumbach, que pode considerar-se um herdeiro de Woody Allen, não só pelo humor agridoce, mas também por usar a cidade de Nova Iorque como persongem do filme, retratada aqui nos anos idos anos 80. Também salta aos olhos a referência a Allen na construção do personagem de Jeff Daniels, um escritor fracassado que "ensina" ao filho mais velho (o excelente Jeff Esenberg) os caminhos para ser um "intelectual", um homem melhor do que os filisteus que habitam o mundo comum.

Está lançada a base da história, que faz do filho predileto de Daniels um plagiador, um pseudo-leitor (que só comenta os livros com base no que seu pai diz, sem nunca se preocupar em lê-los), uma mãe que busca nos filisteus o prazer e a companhia que seu marido já não dá e que torna o filho mais novo em um bêbado e viciado em masturbação. Tudo isso contado com humor e sensibilidade. Um excelente filme de formação (para quem não sabe, um filme que conta a passam da vida infantil para a vida adulta) e pena que não o vi antes de viajar para Nova Iorque ano passado, teria admirado mais a lula e a baleia no museu de história natural.

Partamos para o terceiro - O Lobo da Estepe/Steppenwolf - filme de Jaroslav Bradac, inspirado no romance homônimo de Herman Hesse.

Em poucas palavras: coitado do Max Von Sydow! Um daqueles filmes pseudo-cabeça feitos na década de 70 que tentavam subverter a linguagem cinematográfica e tornaram-se - tá-da!! - um troço boçal, chato, cansativo e, last but not least, ultrapassado! A única coisa que salva o filme é saber que o David Lynch talvez não seja tão genial assim. (Há uma cena ótima no filme A Lula e a Baleia, onde os personagens de Daniels e Esenberg vão ao cinema com suas respectivas namoradas, assistir Blue Velvet, e bom, dá para repensar a importância de Lynch para o cinema)

E por fim - REC - filme de terror espanhol, dirigido por Jaume Balaguero e Paco Plaza, que gerou um remake fast-food, chamado Quarentena (que tem a irmã do famigerado Dexter no papel principal, a, bonitinha-esquisita-gostosinha,
Jennifer Carpenter). O filme é tão assustadoramente bom que a refilmagem é praticamente, como diria o Zé do Caixão, uma cópia quadro a quadro do original.

A premissa é simples (e é inspirada, com certeza, em Extermínio, do Danny Boyle), uma jornalista e seu cameraman vão acompanhar um grupo de bombeiros durante a noite espanhola, quando uma chamada aparentemente comum os leva a um prédio onde eles irão descobrir que...bom, se não viram, não vou estragar, mas aviso: mesmo já tendo visto a versão americana, dá um medo do cão!

Ah, na versão espanhola há um detalhe bem interessante; o paciente zero, digamos, é uma vítima de possessão demoníaca. Scary monsters!!!




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